PROSAS POÉTICAS
NEOLOGISMOS
Lá no céu vejo um ser flutuando sobre a lua.
É o tal do astronauta, dizia minha mãe.
É um zunzunzum e vupt!vupt!vupt!
do foguete lá no céu.
Não jogado ao léu,
Minha tia dizia que isso era onomatopéia,
Mas que “diacho” de bicho era esse?
Ser ou não ser ?
Pego meu escudoantimíssil para me proteger.
Abro o dicionário em busca de soluções,
Reviro o glossário,procuro explicações.
É a Língua Portuguesa cheia de seus melindres
Fazendo uma mistureba.
Perco-me no escuro
De um tal do neologismo.
Misturou Ônibus Pirata com vaca louca também.
Está tudo à solta...
Aí meu Deus, amém !
Os “ecos" se juntaram e
Formaram ecossitesmas
e ecoterrorismos viraram.
Por transposição semântica,
Criou-se a palavra laranjas
para roubarem de alguém.
E os xiitas viraram fanáticos.
Mas nem tanto romântica
E sendo ainda mais práticos
Na medicina estética,
Não para duvidar:
Não mexendo na fonética,
Levantar os seios é turbinar.
Por empréstimos
Vieram os estrangeirismos.
Juntamos nossos estressados
Às nossas glamourosas letras
De axé, rappie ou hip-hop.
No Orkut ou nos chats
A linguagem fica chata
Mas me lembro é de Bandeira
Com o verbo “teadora”
Meu amigo poeta que amava inventar.
Uma nova palavra, verbo no intransitivo.
Renovando sempre a língua
Nossa língua popular.
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*Poema redigido pela Jornalista Luciana Aquino - Poema "Neologismo" - que faz parte do livro" Atrás das Letras" publicado em agosto de 2011.
(Obra com Direitos Autorais)